Saturday, October 09, 2010

Amamente


Uma mulher grávida sorri diferente
Talvez, pelo despojamento de ter,
Pela primeira vez, certeza
De que está amando.

Amamente!

Wednesday, December 20, 2006

Querida Aninha,

Como lhe disse uma vez, nesta Primavera resolvi alimentar todo e qualquer sentimento que viesse a ter. Para fazer poesias, prosas, crônicas e contos, é preciso que estejamos à flor da pele. Foi o que eu fiz durante toda a nossa estação das flores e, de alguma forma, tive a melhor Primavera de todos os tempos, tanto para as palavras quanto para os olhares e carinhos.
Você se lembra de um almoço da minha família em que você foi de bicicleta? Minha mãe, minhas tias, enfim, toda a família ficou dizendo que tínhamos que namorar. Claro, relevei a vontade deles e continuei carinhoso na nossa boa amizade. Porém, ao acompanhá-la até sua casa, dirigindo meu carro atrás da “moça que pedalava” vi uma das cenas mais poéticas e charmosas da minha vida. Você e a bicicleta! No mesmo dia escrevi um poeminha e deixei na tela do seu computador. A idéia ainda não havia surgido.
Noites depois, enquanto eu, você e Fred degustávamos do ambiente agradável e musical de seu pequeno e aconchegante sobrado, o Fred perguntou a você quem seria a mulher ideal para o poeta. Você respondeu, mas acabou perguntando o mesmo a ele, que disse que é você. Achei graça, fiquei pensativo, mas passou... Ou pelo menos era o que eu achava. Na mesma noite, cheguei em casa e tive um pesadelo em que eu flagrava você amando um homem qualquer. Acordei atordoado e muito estranho, com um sentimento antigo, mas ao mesmo tempo novo. Claro, como era primavera, o alimentei.
Enfim, resolvi juntar, durante toda a estação, poeminhas, prosas, crônicas e contos e coloquei aqui, como presente de aniversário, natal, ano novo e é claro, como uma forma de celebrar a sua beleza. (Entende-se como beleza, a mulher completa, que chora, sente saudades e quer, mais que todos neste mundo, amar e ser amada.

Espero que goste.

Beijos e poesias,

O Seu Djalma.

Tuesday, December 19, 2006

Sei lá

Sei lá...
São carinhos primaveris,
Alimento sagrado,
Pão e vinho;
Meu peito se abre
E meu coração é um só ninho.

Faço poemas, versos em prosa para a amiga,
Minha alma se confunde com outras almas
E ressuscito Djalmas e poetas de outras vidas.

O que importa se as palavras virão a ser saudades?
Quem me dera que fosse sempre aquela mesma Primavera.
Quem precisa de razões quando o assunto é poesia?
Quem precisa de tantas palavras assim
Para explicar o que não se explica?



Djalma Gonçalves,
Primavera de 2006.
“Prepara-te velho sábio e taciturno, o verão não tarda”.

Das minhas meninas

Os suspiros das minhas meninas são mais longos,
Depois destes espasmos amorosos viram mulheres e ganham o mundo.
Se esquecem de meus versos, dos meus beijos, dos meus olhares.
Perco a voz, fico íntimo com o silêncio, mas não mudo.


Djalma Gonçalves,
Primavera de 2006.
...

Semeador

Eu sei que a Primavera acaba,
Compreendo que o verão seja necessário,
Sei que muitos tentarão chegar à próxima estação,
Mas poucos verão flores de outras primaveras mais belas,
Poucas receberão versos em prosa
E serão como Cinderelas sem relógio,
Cortando o tempo em pedaços
E lógico, anunciando a delicadeza trágica
Que há entre dois corações sem espaço.


Djalma Gonçalves,
Primavera de 2006.
“Prepara-te para o fim, velho apaixonado!”

Thursday, December 14, 2006

Exaltação

Procuro estrelas
Na noite morta;
À meia-noite,
À meia luz;

Porém,
Sua lembrança
É mais viva
Que o tormento;

Na esperança,
Mais tenaz
Que a própria loucura;

Linda,
Ingrata criatura:
Sustenta meus sonhos,
Embebeda minha fúria!


Djalma Gonçalves,
Primavera de 2006.
Não me lembro de outros dezembros assim.

Tuesday, December 12, 2006

"Descobertas quae sera tamem"

Descobri.
A boemia não tem fundo.
Meu copo não esvazia,
As morenas dormem cedo,
Não era o que eu queria,
Ou eu morro de medo
Ou me afundo.

É madrugada,
Eu bebo o mundo,
Enquanto dorme a mulher amada
O sonho é cinema mudo.

Insisto, caio no choro e nunca mais durmo.


Djalma Gonçalves,
Primavera de 2006.
“Malandro quando morre vira samba”

Ela quer namorar

Decidida, ela quer namorar. Ser mulher de alguém, poder dizer “meu bem”, “meu namorado”, ter um marmanjo do lado. Deixa a menina namorar em paz, mesmo sabendo que a separação é inquieta e não sossega. Ela não quer mais se perder. Vai arrumar a bagunça do seu coração, trocando os pés pelas mãos. Vai? Ela não quer mais sofrer, ela não quer mais chorar. Distraída, vai se embalar em uma nova canção.
Mas diz a ela para tomar muito cuidado, pois o perigo no amor é dobrado. Diz que a poesia mora ao lado e, nunca por descuido, não só por saudades, ela chora em versos duros e se arrisca submersa em palavras.
Não se esqueça depressa dos mortos do verão, que ninguém mais verá, pois ficam apenas na imaginação. São poetas, atletas primaveris que inventam nomes, criam amores e gostam do vento, do fogo, dos dias de sol, das noites de chuva. Não se esqueça que a Cidade dos Poetas fica ao lado da Terra do Nunca e a oeste da Ilha Sempre e que é fácil pegar, quando bem quiserem, um bonde ou mesmo um barquinho para qualquer uma das duas.
Se a moça voltar a chorar, porque o amor escapou, saiu do lugar, diz a ela que todos os caminhos nos levam ao mar. Que existem rios para navegar, vontades para se matar, lembranças para se guardar e esperança para agüentar. Mas agora, nada segura a moça morena de outrora, ela quer namorar.


Djalma Gonçalves,
Primavera de 2006.
Vai passar...

Friday, December 08, 2006

Além da imagem

Você me levou ao cinema. Fumamos um fumo na palha, conversamos coisas tristes e outras amenas. Você me contou histórias de amor e eu nem disfarcei. Sentamos na sétima fila do cinema um. Assistimos um filme espanhol e você gostou. Gostou tanto que eu me encantei. Por três vezes você encostou a cabeça no meu ombro. Por três vezes perdi o fôlego e você tirou. E o filme continuava “a hablar cositas de la vida”, enquanto eu só pensava em amar.

Djalma Gonçalves,
Primavera de 2006.
Volver.

Wednesday, December 06, 2006

Presente

Não olhe para trás,
Nem mesmo muito pra frente.
Olha aqui:
Amo agora e verdadeiramente.


Djalma Gonçalves,
Primavera de 2006.
O dia é hoje!