Monday, November 27, 2006

Eterno regresso

Permito-me renascer para o seu amor. É Primavera, e como poeta eu tenho mais é que lhe cobrir de versos e quem sabe tirar metade de toda essa dor que você sente e dói tanto. Minhas mãos têm um poder apaziguador, meus olhos e minha pele sabem da volúpia que cresce. Vivo agora na infinita cicatriz de sua chama, que outros homens não verão tão quente o ardente verso que nos lembra outras primaveras.
Meu nome é Djalma, Daniel de alma pura, poeta das horas rubras, sujeito de outrora que regressa para morrer no seu destino, agradecido por tanto carinho que dentro do seu coração trêmulo confunde todos os caminhos.
Herança da minha contemplação de longas noites em claro, fonte primeira dos meus versos maduros, mulher que encanta e canta Jobim com a divindade de uma deusa, que é... Quando quer!
Aprendi com você certas coisas sobre a mulher e o sofrimento. Aprendi a ser mais poeta e consegui conviver ao lado do meu tormento, sem nenhum lamento. Não deixarei que morra em mim o desejo da sua presença, nem mesmo poderei lhe dar algo mais senão a ternura dos meus versos e minha eterna atenção.
Devoto de São Francisco de Assis adoro o seu amor intrínseco pelos bichos e seu imenso afeto por tudo que é verde e tem raízes. Eu sou como um animal ferido, que precisa de algo mais que um olhar mendigo. Sou a esperança que lança ao mundo o beijo despojado da vida. Sou fraco e temo todos os meus demônios. Eles sim são fortes como a própria voz feminina que chega incitando o amor e todas as outras coisas criadas, na beleza suspensa da incompreensão humana.
Enfim, nunca fujas de mim e nem permaneça seca na minha memória lírica e sem jeito. O tempo vai passando e, junto a ele, distantes ficam as amarguras e branda a dor. Somos jovens, mas a velhice nos aguarda num álbum imaginário, cheio de amenidades e céu azul. Da lua resta a luz que preciso para acalmar meus versos e na embriaguez da noite durmo no desconsolo inquieto de seus sonhos.



Djalma Gonçalves,
Primavera de 2006.
Que delícia quando vem a inspiração.
Que delícia de sexta-feira. Ateu, rezo por sua amorosa aparição.

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